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Psicologia e povos indígenas: concepções e práticas de cuidado em saúde

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Unidade Sede e Curso(s) do Projeto: Instituto de Psicologia [3] da USP

Unidade(s) colaboradoras e  Curso(s): 

Coordenador e contato: Danilo Silva Guimarães

Briseida Dogo de Resende

Henriette Tognetti Penha Morato

Gustavo Martineli Massola redeindigena@usp.br

Equipe: A equipe do projeto conta com os docentes responsáveis, estudantes de graduação, pós-graduação e pós-doutorandos, totalizando cerca de 40 pessoas, sendo que parte da equipe é permanente (docentes) e outra parte participa transitoriamente em etapas do projeto.

Resumo do Projeto: O objetivo da presente proposta é desenvolver, junto com a equipe docente, estudantes de graduação e pós-graduação envolvidos no serviço Rede de Atenção à Pessoa Indígena (Rede Indígena, Departamento de Psicologia Experimental, IP-USP), ações de atenção psicológica voltadas a comunidades indígenas do estado de São Paulo. Desde 2012, a Rede Indígena tem elaborado diversos projetos de atenção psicológica à população indígena (ver documentação anexa). A execução desses projetos é acompanhada de consistente reflexão no âmbito teórico-metodológico a respeito de concepções e práticas psicológicas e sua necessidade de adequação ao contexto indígena, como atestam produções recentes da área (ver documentação anexa). Atualmente, a Rede Indígena desenvolve ações em (09) quatro comunidades indígenas do Estado de São Paulo: Tekoa Ytu; Tekoa Pyau; Tekoa Itawera; Tekoa Itaendy, Tekoa Tangara Mirim, Tekoa Yyrexakã, Tekoa Paranapuã, Tekoa Gwaviraty e Tekoa Gwira Pepo. Do ponto de vista metodológico, as ações são construídas de forma dialógica, partindo da escuta das vulnerabilidades psicossociais enunciadas pelas lideranças indígenas e do desenvolvimento, em coautoria, de ações que visem a elaboração e eventual superação de tais vulnerabilidades. As estratégias de trabalho pressupõem que a equipe da Rede Indígena (docentes, graduandos e pós-graduandos) realize visitas periódicas às comunidades envolvidas e participe do momento ritual (Japyxaka) em que, dentre outras atividades, as pessoas se dirigem a público para manifestar suas impressões e reflexões sobre acontecimentos da vida cotidiana e planejam coletivamente o desenvolvimento de parcerias. Como resultado de parcerias já estabelecidas com as comunidades acima mencionadas, estão em construção projetos que envolvem 1) a realização de atendimentos psicológicos individual e em grupo na Casa de Culturas Indígenas do IP-USP, instalação projetada e construída na universidade pelos indígenas Guarani dos Tekoa Pyau e Ytu; 2) a realização de encontros para brincar entre crianças indígenas e crianças de escolas situadas no município de São Paulo, como estratégia de trabalhar no âmbito escolar, questões relacionadas à visibilidade indígena e o respeito às suas tradições (cf. Lei 11.645/08); 3) a construção de um portal na internet para as comunidades indígenas envolvidas com a recepção de turistas e estudantes; 4) o apoio a atividades construtivas e de cultivo que visam o fortalecimento do modo de vida Guarani (Nhandereko), suas práticas rituais e de alimentação; 5) o registro e publicação de documentação audiovisual e impressa das ações desenvolvidas nas comunidades em parceria com a USP; e 6) a realização de eventos na Universidade envolvendo a participação de representantes das comunidades indígenas envolvidas, como forma de compartilhar reflexões sobre as ações empreendidas com a comunidade acadêmica. Para o presente projeto, prevemos a participação das 4 (quatro) comunidades indígenas mencionadas acima, além dos docentes, graduandos e pós-graduandos vinculados ao serviço (Rede Indígena) e a disciplinas ministradas pelos docentes envolvidos. Os docentes externos à USP serão convidados para participarem de eventos públicos nas comunidades e na Casa de Culturas Indígenas da USP, bem como para os momentos de reflexão sobre questões teórico-metodológicas que emergem a partir das vivências que realizamos com os indígenas dentro e fora das comunidades. Com o desenvolvimento das ações aqui propostas esperamos contribuir, desde a psicologia, com a elaboração de concepções e práticas de promoção de saúde, no sentido amplo definido pela OMS, segundo a qual a saúde ultrapassa o simples estado de ausência de doença, mas compreende o bem estar físico, mental e social, de modo que as ações promotoras de saúde pressupõem a existência de ambientes onde sejam respeitados e protegidos os direitos civis, políticos, socioeconômicos e culturais de uma população. Tal imbricamento é evidente considerando-se concepções de saúde definidas no campo das psicologias social e cultural contemporâneas.

Resultados do Projeto:

IMPACTOS DO PROJETO JÁ PERCEBIDOS

Para os Estudantes

  1. Integração entre estudantes de graduação, pós-graduação e pesquisadores (pós-doutorandos);
  2. Integração interdisciplinar entre estudantes de diferentes cursos e unidades da universidade (cf. IME-USP e FFLCH-USP);
  3. Articulação interinstitucional por meio de diálogos com estudantes universitários indígenas de universidades públicas paulistas que possuem reserva de vagas para indígenas (UNICAMP e UFSCAR);
  4. Desenvolvimento de conhecimento teórico-metodológico, com o estudo de materiais bibliográficos sobre os povos indígenas, psicologia cultural, socioambiental, clínica e etologia;
  5. Desenvolvimento de habilidades para o exercício profissional em contextos interétnicos, que envolve o estabelecimento de vínculos com pessoas nas/das comunidades indígenas; com profissionais que atuam nas comunidades em serviços públicos de saúde e educação;
  6. Aproximação entre estudantes e docentes em atividades de supervisão que contribuem para a elaboração afetivo-reflexiva das experiências vividas ao longo do projeto e sua generalização para outros contextos de exercício profissional e de construção de conhecimento.

Para a Comunidade

Notamos o progressivo estabelecimento e consolidação de vínculos entre as comunidades envolvidas e a Universidade. Identificamos essa progressão por meio de:

  1. Uma significativa ampliação do número de comunidades que solicitaram visitas técnicas da nossa equipe: Tekoa Palmeirinha, Chopinzinho/PR; Tekoa Gwaviraty, Iguape/SP; Tekoa Gwyra Pepo, Tapiraí/SP; Tekoa Paranapuã, São Vicente/SP, além das comunidades previamente apontadas no projeto inicial. Essa ampliação no número de comunidades envolvidas indica a presença de demandas para a atenção psicológica e a pertinência dos recursos metodológicos empregados para a realização de nosso trabalho.
  2. Observamos, ainda, a participação de grande parte da comunidade nas atividades realizadas nas visitas técnicas.
  3. Outro aspecto a ser notado diz respeito à qualidade dos encontros entre a equipe do projeto (docentes e estudantes) e as pessoas nas/das comunidades: nas avaliações das atividades realizadas no momento cerimonial designado Japyxaka, percebemos, reiteradas vezes, a ênfase das lideranças comunitárias e dos jovens indígenas de que o projeto é importante na direção de fortalecer a cultura tradicional, promover o envolvimento das pessoas envolvidas com compreensões e práticas promotoras de saúde.
  4. A ações têm contribuído para a visibilidade das comunidades indígenas participantes, o reconhecimento e valorização da singularidade das pessoas indígenas participantes como sujeitos de direitos e construtores de conhecimentos relevantes para toda a sociedade.

Para a Universidade

  1. Diversificação de atividades de intercâmbio cultural com os indígenas, realizadas em ambiente acadêmico: oficinas, cursos, rodas de conversa na Casa de Culturas Indígenas da USP.
  2. Produção acadêmica:
  3. Livro: guimarães, D. S.; Dialogical Multiplication: Principles for an indigenous psychology. Em preparação para a série Latin American Voices, Editora Springer.
  4. Artigo: Guimarães, D. S.; Lima Neto, D. M.; Soares, L. M.; Santos, P. D. & Carvalho, T. S. Temporalidade e Corpo numa Proposta de Formação do Psicólogo para o Trabalho com Povos Indígenas. PSICOLOGIA: CIÊNCIA E PROFISSÃO (ONLINE). , v.39, p.147 – 158, 2019.
  5. Capítulo de livro: Gonzalez, R.; Lima Neto, D.; Gonçalves, L.; Hernandez, R.; Soares, L. M.; Fornaziero, P.; Oliveira, B. & Guimarães, D. S. Ser indígena e ser universitário: O cultivo de espaços subjetivos e a construção de sentidos sobre a família e a alteridade, a ser publicado no livro “Horizontes de alteridade e a família contemporânea” organizado por Bastos, A. C.; Maria, I. & Carrera, G.
  6. Criação de disciplinas, ampliando a oferta para cursos de graduação e pós-graduação:
  7. Introdução à Psicologia Indígena (graduação);
  8. Introdução à psicologia indígena (pós-graduação)
  9. Interdisciplinaridade:
  10. Articulações com estudantes do Instituto de Matemática e Estatística (IME-USP);
  11. Articulações com o curso de veterinária (FMZV-USP);

 Sites e Mídias Sociais 

http://tvbrasil.ebc.com.br/caminhos-da-reportagem/2018/11/o-paciente-invisivel [4]

Facebook:  https://www.facebook.com/casadeculturasindigenas [5] 

 Instagram: https://www.instagram.com/casadeculturasindigenas/ [6] 

 You Tube: 

 E-mail: danilosg@usp.br [7]; redeindigena@usp.br