Congressos de Graduação

Nona edição do Congresso de Graduação da USP discute a inclusão na Universidade

Evento reuniu centenas de estudantes e professores em uma programação com palestras, mesas-redondas e apresentações de trabalhos a respeito de temas como acessibilidade, representatividade e acolhimento

Publicado: 23/10/2024 às 16:05     Atualizado: 24/10/2024 às 16:50  Texto: Michel Sitnik

Em um salão amplo, mesa de madeira escura com seis pessoas. Ao centro o reitor fala ao microfone, vestindo terno e gravata

O 9º Congresso de Graduação da USP foi aberto pelo reitor, que destacou a importância da Graduação como uma das faces mais visíveis, e de reconhecimento mais imediato, por parte da sociedade quanto à qualidade do trabalho realizado pela Universidade – Foto: Michel Sitnik/USP Imagens

Com 750 inscritos e quase 250 pôsteres de trabalhos, a nona edição do Congresso de Graduação da USP foi aberta nesta terça-feira, 22 de outubro, apresentando uma programação que tem como tema a Inclusão no ensino de graduação. Neste ano, o evento foi realizado na Faculdade de Direito (FD) da USP, no Largo São Francisco, e seguiu até a quarta-feira, 23.

O encontro é realizado anualmente pela Pró-Reitoria de Graduação (PRG) e reúne docentes, pesquisadores, estudantes e gestores para discussões sobre aspectos cruciais do ensino universitário em um fórum estratégico de debates, palestras, mesas-redondas, apresentação de pesquisas e experiências práticas.

Edições anteriores já trataram de temas como inovações pedagógicas, integração tecnológica nas salas de aula e a promoção da interdisciplinaridade. Neste ano, o foco é a discussão sobre fundamentos e práticas de identificação de barreiras e de intervenção pedagógica para garantir o acesso, a permanência e a promoção de um ensino de qualidade a todos os estudantes da graduação da USP.  “O congresso é uma oportunidade para aprofundar conhecimentos e trocar experiências acerca das temáticas atinentes ao ensino de graduação em cada ano. Em 2022, com o tema Reencontro, avaliamos as adequações necessárias após dois anos de ensino remoto emergencial; em 2023, analisamos o impacto da inteligência artificial na formação discente e, neste ano, a proposta é discutir os fundamentos e práticas para garantir um ensino de qualidade para todos os estudantes, ou seja, a inclusão no ensino de graduação. É importante lembrar que promover a educação inclusiva é um dos objetivos estratégicos da PRG”, explica um dos organizadores do congresso e pró-reitor adjunto de Graduação, Marcos Garcia Neira.

Na solenidade de abertura, o pró-reitor de Graduação, Aluísio Cotrim Segurado, ressaltou a dimensão do encontro e sua importância estratégica para a USP: “É o nosso evento mais importante do ano, não só por seu tamanho, mas por propiciar discussões que vão dialogar com decisões de diversas instâncias da Universidade”. Segurado mencionou a Constituição brasileira ao comentar a importância do foco desta edição: “Em seu artigo 205, o documento lembra a todos que a educação é direito de todos e dever do Estado, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. E é necessário que isso tenha validade para todos, independentemente das barreiras que cada um precise enfrentar”.

Multidão de pessoas em um saguão. Alguns se reunem em torno de um totem, que é uma TV na vertical, vendo um poster.
O congresso contou com 750 participantes inscritos e a apresentação de 246 pôsteres com experiências, trabalhos e projetos a respeito da inclusão na graduação universitária – Foto: Michel Sitnik/USP Imagens

O pró-reitor chamou a atenção, também, para os novos desafios que as instituições precisam enfrentar para atender às expectativas das sociedades atuais: “Pesquisas recentes em diversos países mostram que serão cada vez mais exigidas características como acessibilidade, flexibilidade, foco em competências e centralidade do estudante, entre outras. Todas elas são completamente compatíveis com a excelência da USP, e mais: alinhadas com a missão, a visão e os valores da nossa universidade, recentemente estabelecidas em um processo amplamente dialogado com a comunidade. As expectativas e experiências compartilhadas aqui, ao longo de dois dias de discussões, irão apontar rumos e trazer questionamentos que vão nos acompanhar em muitas das nossas ações”.

O reitor, Carlos Gilberto Carlotti Junior, abordou a diversidade de focos que a gestão universitária enfrenta: “Cada uma das áreas, especialmente as concentradas em cada Pró-Reitoria, é igualmente importante. Mas a Graduação é possivelmente a face mais visível, e de reconhecimento mais imediato, da qualidade do nosso trabalho para a sociedade de forma mais ampla. Afinal, os nossos alunos, quando estão atuando no mercado de trabalho e interagindo com a população nos mais variados setores da economia, nas empresas, no setor público, na indústria ou nos serviços, estão mostrando como foram bem preparados, e isso traz o reconhecimento da competência que foi empenhada nesse processo de formação. Desde o plano de gestão que apresentamos no momento de nossa candidatura à Reitoria, temos dado atenção especial a este ponto e isso passa por um trabalho de atualização das estruturas de ensino, tanto as físicas, com a criação de espaços propícios às novas metodologias e adaptados em termos de acessibilidade, como também aquelas estruturas de caráter curricular. Além disso, estamos implementando e ampliando os processos de formação continuada dos docentes da USP para que a atualização seja constante”.

Programação

Em um salão amplo, mulher negra, de turbante, que está sentada à uma grande mesa de madeira. Ao lado da mesa, um telão exibe gráficos
Na conferência de abertura, a diretora da Faculdade de Educação da Unicamp, Débora Jeffrey, chamou a atenção para a importância da inclusão como ferramenta de representatividade da população nos espaços acadêmicos – Foto: Michel Sitnik/USP Imagens

A programação do congresso foi iniciada com a conferência de abertura proferida pela diretora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Débora Cristina Jeffrey. Em sua exposição, a dirigente considerou que as três universidades estaduais paulistas – USP, Unesp e Unicamp – encontram-se em um momento de convergência institucional quanto à inclusão.

“Trata-se de uma abertura muito importante à representatividade da população brasileira dentro do ambiente universitário, seja a respeito de qualquer uma das qualidades apresentadas: negros, indígenas, pessoas trans, pessoas com deficiência e outras. Com isso, estamos em um processo de reconhecimento de direitos de grupos que estavam excluídos ou marginalizados, muitas vezes enfrentando até mesmo um apagamento por não serem contabilizados ou considerados em estatísticas”, afirmou Débora.

Também foram realizadas apresentações de pôsteres, além de mesas-redondas e rodas de conversa com os títulos Inclusão e acolhimento na educação superior; Aspectos curriculares, inclusão e ensino superior; e Ensino superior, acessibilidade e práticas inclusivas.

A programação completa pode ser consultada aqui.