Alunos da ECA têm vídeo sobre deficiência física exibido na sede da ONU

Por Bruna de Alencar

Imagens: Divulgação

Já imaginou fazer um trabalho de faculdade para ajudar outras pessoas e ainda ter seu projeto exibido  na sede da ONU? Isso foi o que aconteceu com os estudantes Denis Mercaldi,

Lilia Quinaud, Alexandre Vaz de Oliveira, Natalia Tonello, Paulo Chou e Bruno Abbate do sétimo semestre do curso de publicidade e propaganda da ECA (Escola de Comunicações e Artes) ao realizarem um projeto audiovisual para a avaliação final da disciplina de Produção Audiovisual em Comunicação Digital ll, coordenada pelo professor Sérgio Bairon.

Exibido na sede da ONU no Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, o vídeo “Batom” foi feito para a instituição Entre Rodas e Batom, cujo objetivo é promover o empoderamento de meninas e mulheres que estejam em qualquer situação de vulnerabilidade social. Uma das principais lutas da ONG é dirigida em favor das mulheres com deficiência física, com destaque para as cadeirantes.

Segundo Denis Mercaldi, um dos realizadores do vídeo, o objetivo do trabalho era definir um cliente e desenvolver um produto audiovisual que conseguisse resolver seus problemas de comunicação. “Nossa função era encontrar um cliente que tivesse algum problema e desenvolver um vídeo segundo as recomendações e diretrizes dele. Como no disciplina anterior a esta (Produção Audiovisual em Publicidade l) nós trabalhamos para uma ONG e gostamos da experiência, queríamos repetir a dose.”

A escolha da instituição participante foi feita com base nas afinidades do grupo com a organização.  “Nós queríamos ajudá-los porque além deles terem um trabalho social incrível, eles tinham um objetivo concreto que nós conseguiríamos suprir.”, afirma Mercaldi.

A organização ainda não possuia um CNPJ, o que dificultava a captação de recursos para os cursos e oficinas que promoviam. Contudo, para abrir o CNPJ eles precisavam de uma quantia de em torno de 4 mil reais. Deste modo, além de fazer o vídeo o grupo ainda ajudaria a organização a criar uma campanha de arrecadação online na plataforma Catarse .

Já no primeiro dia de divulgação o vídeo foi um sucesso, com 1200 visualizações. No final da campanha foi arrecadado mais do que o necessário para abrir o CNPJ, fechando com 103% da meta inicial. Hoje, o vídeo possui quase 35 mil visualizações.

 

A admiração e orgulho que os integrantes têm para com o seu projeto vai muito além da repercussão do vídeo. De acordo com Mercaldi, um dos maiores benefícios do projeto foi perceber a mudança subjetiva de pensamento em cada um dos integrantes. “Exatamente pelos aprendizados que é sempre bom tratar de temas assim, delicados,porque eles quebram com preconceitos que muitos, inclusive nós mesmos, achávamos comum ou certo”.

Já na primeira reunião, segundo Denis, a diretora da instituição Entre Rodas e Batons, Eliane Lemos, mostrou uma visão totalmente diferente sobre a questão dos cadeirantes. Primeiro, Eliane mostrou que eles não gostam de serem tratados como heróis, pois parece que só porque tem uma deficiência a vida deles é uma superação constante e que eles são diferentes das outras pessoas por causa disso. A diretora reforçou que cadeirantes são pessoas como todas as outras, com diferenças, e que vivem vidas parecidas como a de todos nós. A segunda coisa que ela disse, foi que é um erro usar o termo “portador de deficiência”, porque induz que eles portavam a deficiência como alguém porta uma arma ou uma sacola, e que podem se livrar disso a qualquer momento. Por último mostrou como as mulheres sofrem preconceito e como isso se agrava quando falamos de mulheres que tem deficiência. Estas sofrem duplamente, por serem mulheres e por serem deficientes.

E foi devido a um pedido de  Eliane que o vídeo foi traduzido para o inglês e inscrito no concurso United Nations Enable Film Festival (UNEFF).  O filme foi selecionado e exibido na sede da ONU no dia 3 dezembro segundo os critérios: mensagem capaz de aumentar o conhecimento sobre problemas de deficiência e que promove a total e efetiva participação de pessoas com deficiência na sociedade, e foi exibido como primeiro da lista, seguido de outros curtas de diversas origens.

“Nunca imaginaríamos que um projeto de faculdade poderia tomar tal proporção. Nós somos estudantes e, apesar de querer entregar algo de grande qualidade, ainda estamos, em teoria, em fase de aprendizado sobre a publicidade e sobre a comunicação de forma geral. Não imaginaríamos que, com tão pouca experiência, conseguiríamos desenvolver um projeto que pudesse competir com trabalhos de nível profissional e que fosse tão aplaudido. Nunca achamos que essa produção chegaria à ONU, mas estamos extremamente felizes que chegou”, afirma Mercaldi