FMUSP inova e utiliza impressoras 3D para aprimorar ensino médico

Por Bruna de Alencar

 

De forma inédita no país, a Faculdade de Medicina (FM) da USP começou a produzir estruturas anatômicas com detalhes realísticos, por meio do uso de impressoras 3D. A prática é uma alternativa a pouca disponibilidade de corpos doados à pesquisa e a sua rápida degradação, fatos que comprometem o ensino e a aprendizagem médica.

O projeto integra o Laboratório de Mídias Interativas em Saúde e Informatização da Graduação da disciplina de Telemedicina da FM, coordenado pelo professor dr. Chao Lung Wen. O objetivo é utilizar a tecnologia e seus recursos para integrar as áreas de conhecimento e, assim, promover melhorias no ensino.

O Laboratório foi financiado, em partes, com recursos advindos da Pró- Reitoria de Graduação da USP. “Eu acho fantástico a iniciativa da USP de enxergar a graduação como um patrimônio importante. Com o financiamento da USP essa consciência de que somente a pesquisa ou a pós-graduação merecem atenção foi alterada, felizmente”, ressalta o dr. Chao. Os esforços feitos pela USP para melhorar a formação dos estudantes deveria ser um exemplo para todas as Universidades.  

As estruturas anatômicas são baseadas no acervo do Projeto Homem Virtual, também da disciplina de Telemedicina, que consiste em imagens dinâmicas digitais e tridimensionais do corpo humano e de seus processos. Com o uso de computação gráfica 3D, as sequências do Homem Virtual reproduzem estruturas como ossos, músculos, órgãos, células e até moléculas. “As impressões são feitas em resina de plástico porque esse material  não oferece problemas de decomposição e de armazenamento diferenciado, como é feito com os corpos reais”, conta o coordenador.

Somada à impressão 3D e ao Projeto Homem Virtual, está a realidade aumentada, recurso que permitirá a visualização do funcionamento das estruturas anatômicas, por meio de Tablets ou Smartphones. Com adequações na linguagem, pela Equipe de Design de Comunicação Educacional da Disciplina de Telemedicina, todos esses materiais podem ser utilizados para difundir conhecimentos à população, com o uso dos livros digitais (e-Care).  

Embora alguns modelos impressos estejam sendo utilizados em caráter experimental na disciplina de ginecologia da Faculdade, essa técnica 3D será aplicada a grade curricular somente no ano que vem. Para o dr. Chao a expectativa é que em 2015 20% dos cursos da FMUSP estejam utilizando essa nova tecnologia.

E o coordenador do projeto vai além. “A longo prazo, a minha esperança é que todas as faculdades de saúde do país criem um laboratório igual a este, com uma unidade de computação gráfica e impressora 3D. Estaríamos todos conectados e, via e-mail, enviaríamos as estruturas virtuais do Homem Virtual para que fossem impressas em estruturas físicas”, revela. “Se isso acontecer, eu diria que fizemos uma das maiores contribuições para o país em na formação médica”, completa.

Créditos das fotos: Reprodução/Telemedicina
 Acesse aqui informações sobre o simpósio da Pró-Reitoria em que este trabalho foi apresentado.